sábado, 3 de abril de 2010

Um mais um

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O amor acontece. Mesmo que se compreenda, dificilmente se explica. Eterno ou efémero, correspondido ou não, apaixonante ou idílico, mais a uns que a outros.

Talvez não exista sequer como o imaginamos. Confundem-se nele a amizade, o carinho, até o ódio, sem deixar perceber bem fronteiras definidas. Simplesmente emoções.

Gente há com o mérito de fazer o amor perdurar bem mais do que se imagina. No jardim, nas áleas douradas pelo sol, caminham às vezes, com a quietude e a segurança que só as longas décadas de vida lhes dão, parzinhos românticos, de rostos vincados pelo tempo, onde o amor se foi metamorfoseando em tolerância, em compreensão, num comodismo recatado das coisas do coração. Amam-se sem ter a necessidade de o dizer. Apenas porque o sentem.

Haverá um segredo para estes amores tão fortes? Um matemático castelhano veio dizer que sim. Servindo-se da teoria matemática do controlo optimal, o tal investigador chegou a uma conclusão deliciosamente brilhante. É necessário um investimento contínuo para compensar o desgaste natural do amor.

Uma daquelas ideias inéditas. Ninguém diria que somos gente de carne e osso, que a nossa personalidade se molda vida fora e que nem sempre nos relacionamos do mesmo modo com os outros. Ame-se ou não, a forma de o fazer também se altera com tudo isto tornando necessária uma adaptação constante.

Matemáticas fora, ficam os sentimentos. Esses sim incertos, oscilantes, imperfeitos, mas tão naturais quanto humanos. Um mais um serão sempre dois, mas a soma nem sempre resulta de forma igual. O tempo encarrega-se de tirar a prova dos nove. De resto, costuma o povo dizer, quando um não quer, dois não fazem.

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