terça-feira, 6 de abril de 2010

O exilado

.

6 de Abril de 1814. Em Fontainebleau, umas das residências que lhe era mais querida, assina uma abdicação. Mas diz-se que as esperanças morrem por último e ele depositou-as em seu filho, criança ainda, que fizera Rei de Roma.

Reinado efémero, pouco menos de uma semana até nova e definitiva abdicação. Sem imposições. Cai assim, num fim abrupto, um império construído a ferro e fogo, que a neve russa começou a minar, num prenúncio dos últimos dias. Um simples papel e uma pena bastaram para encerrar um capítulo, um vasto capítulo, na história da Europa.

O império não renasceu. Mas as esperanças, essas, não tinham sucumbido ainda. Mesmo em Elba, a proximidade ao continente aguçava-lhe o apetite e o desejo de posse, de reconquista, de ir, de ver e de vencer, mais uma vez. Foi, de facto. Mas não ficou mais do que cem dias, cem dias que lhe mataram definitivamente a fé.

Santa Helena calmou-lhe a impaciência de um retorno e tornou-lhe árida a sede de poder. Quando morreu, quase esquecido, numa amargura solitária do desterro, era apenas um homem comum. O apelido era Bonaparte. O nome, Napoleão.

1 comentário:

MC disse...

brilliant