domingo, 7 de fevereiro de 2010

Pelos ares

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A bomba rebentou na sexta-feira. Foi encontrada, numa moradia em Óbidos, grande quantidade de explosivos, todos guardadinhos para a ETA. Claro que a polícia, autora desta descoberta bombástica, trabalhou com tal afinco que só lá chegou quando já não havia ninguém em casa.

E pronto, é aqui que começam os disparates. Então o país anda de rastos, crise para lá, crise para cá, investimento para aqui, investimento para ali, e deixam-se fugir assim os senhores da ETA?! Que raio de incentivos são estes? As pessoas do País Basco metem-se à estrada, querem expandir o negócio, vêm para outro país… É investimento estrangeiro, é o que precisamos!

Mas não, afugenta-se a organização à bruta, assustam-se os bascos que tinham trazido explosivos, computadores, mapas de cidades, dispostos a desenvolver a economia e o turismo! Que o diga o senhorio, privado bruscamente do aluguer da sua vivenda. E logo em Óbidos, uma vila tão simpática…

Se tivermos em conta as actividades do município, o cenário é ainda pior. Claro que uma basezinha terrorista iria atrair mais espanhóis. E claro que eles, tal como os portugueses, hão-de ser grandes apreciadores de feiras medievais, árabes, de festivais natalícios e chocolatenses. Agora pensem no lucro que seria ter os etarras em procissão pela rua Direita, a provar ginjinhas, a comprar postalinhos… De resto, a julgar pelo modo como se apresentam naquela espécie de conferências de imprensa, iriam certamente ter acesso gratuito ao recinto da feira árabe.

Enfim, que isto sirva de lição. Da próxima vez que descobrirem explosivos, até podem ser da Al-Qaeda, num modesto apartamento, daqueles com dois quartos, uma marquise e vista para a CREL, pensem duas vezes. Em tempos de crise, não é bom afugentar o investimento estrangeiro.

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