A propósito ainda dessa maravilhosa película que dá pelo nome de Lobisomem, importa dizer alguma coisita mais. Pois que, ansioso por ajuizar sobre o dito, lá me deixei arrastar até ao São Jorge. E estou indignado.
Bom, não me pronuncio sobre o argumento (ai, tão pobrezinho…) nem desvendo pormenores para que ainda possam ser surpreendidos quando o filme chegar aos cinemas. Mas não posso esconder mais a minha indignação. A criatividade dos realizadores e produtores está a esgotar-se. Então não é que os protagonistas do filme são inspirados na família Gonzáles? E quem são esses senhores, perguntar-me-ão os estimados leitores?
Ora Pedro Gonzáles (não, não é com um z no final), também conhecido como o Lobisomem das Canárias (esta alcunha é deliciosa) nasceu em Tenerife, no século XVI. Com uma pilosidade facial fora do comum, o rapazito depressa se tornou uma atracção. Levaram-no a passear e tantas voltas deu que foi para à corte do rei de França, Henrique II. Como fazia parte daquelas pessoas que não usam a cabeça, e a cara, acrescento eu, só para ter cabelo, parece que se conseguiu destacar como diplomata.
Mas uma desgraça nunca vem só. O senhor casou e teve filhos, ou melhor, filhas, que eram portadoras da mesma doença. Pois é, pelo menos perceberam que se tratava de uma doença genética. Agora imagine-se como, na casa dos Gonzáles, com tanta gente de pêlo na venta, devia ser difícil manter a tranquilidade.
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