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domingo, 28 de fevereiro de 2010
Le Grand Tour
Uma contemplação de
Hugo Franco d'Araújo
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sábado, 27 de fevereiro de 2010
Uns e outros
Uma contemplação de
Miguel Ribeiro Pedras
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14:52
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Humanos
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A Science publicou recentemente um estudo com preciosas conclusões acerca das movimentações humanas. E a que conclusão chegaram os senhores? Numa palavra, previsibilidade.
Sim, a mobilidade das pessoas é algo de extremamente previsível. Surpresa absoluta! Aquilo a que eu na minha ignorância de cidadão comum designaria por rotina, parece afinal um comportamento digno de estudo. Dizem-nos então que as deslocações obedecem a certos padrões e que quase não existem indivíduos espontâneos. Nova surpresa.
Como parece evidente, nem toda a gente pode acordar e, num capricho matinal, tomar o pequeno-almoço em Tóquio, correr para umas comprinhas em Nova Iorque e acabar o dia numa esplanada em Barcelona. Não, a maioria das pessoas, a esmagadoríssima maioria, limita-se a fazer o trajecto entre o quarto e a cozinha para o ritual do desjejum. Depois, traçada a rota até ao local de trabalho, é aguentar a jornada. Algo de surpreendente até aqui? Pois, bem me parecia.
Acresce, naturalmente, o facto de alguns hábitos se entranharem imperceptivelmente em nós. Comprar o pão na mesma padaria, mirar os títulos do dia no mesmo quiosque, aquelas coisas triviais e quotidianas que facilitam a vida.
Agora que a rotina pode ser um problema, disso não duvido. Sempre as mesmas filas de trânsito ou os costumados rostos infelizes no metro. Os dias que se sucedem num vazio repetitivo. Não, isso realmente não deixa ninguém feliz. É preciso combater essa monotonia! Vamos lá a ser originais e a entremear o inadiável dia-a-dia com uns programazinhos diferentes. Umas boas gargalhadas, jantares originais, passeios inusitados, tudo a bem da imprevisibilidade e do bom humor. Para dar cor à vida.
A música recomenda que mudemos de vida se não vivemos satisfeitos. E nunca é tarde, «estás sempre a tempo de mudar». Nada de pensar duas vezes. Toca a quebrar a rotina e a fazer valer cada momento.
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Hugo Franco d'Araújo
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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
Do you want some soup?
Uma contemplação de
Miguel Ribeiro Pedras
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13:08
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Um passeio no parque
..
Era ao fim da tarde que o parque tinha mais encanto.
Quando um silêncio melodioso, quebrado pelo canto da aves, caía devagar, descendo pelas copas do arvoredo e alargando-se nas oscilações suaves do lago. Gente, era pouca. As crianças, que o enchiam com as risadas e as corridas aos pombos durante o dia, desapareciam quando o sol declinava. Ficavam os velhos esperando por coisa nenhuma, os apressados que usavam as áleas para arrepiar caminho, e um ou outro artista solitário, de ar descuidado e olhar perdido. Nenhum deles quebrava a magia do lugar. Pertenciam-lhe mesmo, ajudavam a compor a atmosfera nostálgica do jardim.
Ao fundo, eram os pavilhões vetustos, imóveis na sua ruína disfarçada, inseparáveis do espelho de água que os reflectia. Não serviam para nada, mas o parque não seria o mesmo sem eles. Deram-lhe carácter e tomaram-lhe o nome.
Nos dias de chuva havia um brilho especial. Os caminhos enlameados, as gotas graciosas que lacrimejavam das plantas, a frescura que emanava dos recantos esquecidos onde ninguém ia, punham uma nota de tristeza no ar. Mas o prazer de caminhar no éden tornava-se ainda maior.
As esculturas habitavam o parque, como se ali tivessem encontrado o abrigo perfeito para a sua serenidade eterna. E havia uma vida oculta no olhar de mármore, onde se escondiam as memórias de um tempo áureo que se esfumara há muito. Sob os plátanos surgia um rei, numa clareira relvada um escritor e perto da água, comungando com ela, erguia-se um pranto. As pérgolas, espreitando sempre nas fotos onde se reuniam famílias numa alegria domingueira, continuam lá. Só os bandos alegres foram desaparecendo.
Ficou a saudade, a memória nostálgica que sempre o foi. Havia naquele pedaço de cidade uma alma forte, uma alma decadente onde residia todo o encanto. Uma decadência consciente, que não era do desvelo da gente mas do habitar da natureza. E eu passeava pela mão da avó, disfrutando do seu amor e da beleza do parque. Não queria mais nada. Era feliz.
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Hugo Franco d'Araújo
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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
Estrategicamente esperava-me.
Olhei-o de soslaio, conheço-o bem! Preferi não ligar e concentrar-me no que estava a fazer. Mas era demasiado tentador, lá continuava ele, no meio dos outros, todos iguais, todos a chamar-me numa voz muda «vá lá Miguel, já passou tanto tempo desde a última vez!»
Era verdade… a minha mente enfrentou um turbilhão de ideias e perspectivas de futuro. Finalmente, decidi-me. Entre as outras coisas que comprei, decidi levar também um dos ovinhos kinder que estavam postos perto da caixa de super-mercado.
Foi apenas para relembrar, um gesto mais nostálgico do que qualquer outra coisa. Trata-se de respeitar o que fomos em crianças, e o que fomos deve-se também ao que comemos.
A kinder faz parte do imaginário de todos nós. Não apenas pelos chocolates, e que tantas prematuras obesidades cultivou, mas também pelo seu rico rol de anúncios televisivos. Uma coisa é verdade e temos que reconhecer – que belos exemplos esses que a kinder foi dando às crianças ao longo dos tempos.
Passo a explicar. Quem não se lembra do anúncio do ovo kinder, em que um pai chega a casa com a oferenda para o seu pequeno pupilo. Num gesto arrogante e na ânsia de o comer, a pequena criança tira o doce das mãos do progenitor, correndo pela sala, com aquele olhar de lambão matreiro! Bonito modelo para a criança comum. Ou outro em que um pai e o filho brincam com o brinde do ovinho. Entretanto o telefone toca, é um colega do escritório (a pedir ajuda porque está com herpes e a Sónia dos serviços sociais quer marcar um café! Ou qualquer outra coisa tão grave e urgente como esta…) O pai, na presença do filho e do telespectador, que em choque assiste à cena, decide mentir! «Ai! Não oiço rigorosamente nada!», enquanto liga a máquina de sumos e faz barulhos parvos. É verdade que o miúdo acha graça, mas… que pai é este?! Que não é capaz de ajudar o amigo com herpes?!
Enfim… nem só de ovos se faz a kinder e entre outros anúncios espanhóis com dobragem portuguesa temos também o délice. A história é simples, e pouco original: Uma rapariga e um rapaz, um professor, uma praia e alguns caiaques. Como podem ver, um cenário comum. (Quem não se lembra de caiaques quando pensa em anúncios de chocolates?) Ela está cansada, farta de remar, faminta! Vasculha a sua mochila, mas! A mãe fez-lhe uma sandocha sem graça… Vida triste a dela. Contudo, nem todas as mães são assim, ao que parece o seu amiguinho tem mais sorte. «Ena! Tenho dois kinder délice na mala, até te posso dar um.» E assim os dois pequenitos têm a sua saudável e feliz refeição.
Obrigado kinder! Mas, só uma coisinha. Arranja outro gajo para estar nas embalagens do Kinder chocolate, é que aquele irrita um bocado.
De regresso a Ele.
Levei-o até casa. Voltei a olhá-lo. Desta vez com atenção e com a calma que o quarto nos permitia. Lentamente, e confesso que com algum nervosismo, pois à muito que não o fazia, despi-o, tirei todo o papel envolvente. Ele olhava-me com um misto de excitação e curiosidade. Nunca tinha sido comido, não sabia se ia magoar, se ia gostar… Dividi-o em dois e qual não foi a minha surpresa ao ver que o ovo interno está com um design diferente!
Então, comi-o. O sabor era o mesmo, aquele de que me lembrava! Mas não achei nada de especial. Abri o ovo surpresa (depois de algum tempo a perceber os intricados mecanismos para que isso acontecesse… afinal funciona da mesma forma que os antigos) vi o brinde, que me desiludiu bastante… e pronto, prossegui a minha vida.
A propósito, hoje comprei tulicreme… acho que ando um bocado saudosista…
P.S.: Eu sei que as falas não são bem assim. As minhas sinceras desculpas por qualquer falha ou liberdade literária, a vós leitores e aos actores dos anúncios que tanto tempo gastaram para as decorar.
Era verdade… a minha mente enfrentou um turbilhão de ideias e perspectivas de futuro. Finalmente, decidi-me. Entre as outras coisas que comprei, decidi levar também um dos ovinhos kinder que estavam postos perto da caixa de super-mercado.
Foi apenas para relembrar, um gesto mais nostálgico do que qualquer outra coisa. Trata-se de respeitar o que fomos em crianças, e o que fomos deve-se também ao que comemos.
A kinder faz parte do imaginário de todos nós. Não apenas pelos chocolates, e que tantas prematuras obesidades cultivou, mas também pelo seu rico rol de anúncios televisivos. Uma coisa é verdade e temos que reconhecer – que belos exemplos esses que a kinder foi dando às crianças ao longo dos tempos.
Passo a explicar. Quem não se lembra do anúncio do ovo kinder, em que um pai chega a casa com a oferenda para o seu pequeno pupilo. Num gesto arrogante e na ânsia de o comer, a pequena criança tira o doce das mãos do progenitor, correndo pela sala, com aquele olhar de lambão matreiro! Bonito modelo para a criança comum. Ou outro em que um pai e o filho brincam com o brinde do ovinho. Entretanto o telefone toca, é um colega do escritório (a pedir ajuda porque está com herpes e a Sónia dos serviços sociais quer marcar um café! Ou qualquer outra coisa tão grave e urgente como esta…) O pai, na presença do filho e do telespectador, que em choque assiste à cena, decide mentir! «Ai! Não oiço rigorosamente nada!», enquanto liga a máquina de sumos e faz barulhos parvos. É verdade que o miúdo acha graça, mas… que pai é este?! Que não é capaz de ajudar o amigo com herpes?!
Enfim… nem só de ovos se faz a kinder e entre outros anúncios espanhóis com dobragem portuguesa temos também o délice. A história é simples, e pouco original: Uma rapariga e um rapaz, um professor, uma praia e alguns caiaques. Como podem ver, um cenário comum. (Quem não se lembra de caiaques quando pensa em anúncios de chocolates?) Ela está cansada, farta de remar, faminta! Vasculha a sua mochila, mas! A mãe fez-lhe uma sandocha sem graça… Vida triste a dela. Contudo, nem todas as mães são assim, ao que parece o seu amiguinho tem mais sorte. «Ena! Tenho dois kinder délice na mala, até te posso dar um.» E assim os dois pequenitos têm a sua saudável e feliz refeição.
Obrigado kinder! Mas, só uma coisinha. Arranja outro gajo para estar nas embalagens do Kinder chocolate, é que aquele irrita um bocado.
Levei-o até casa. Voltei a olhá-lo. Desta vez com atenção e com a calma que o quarto nos permitia. Lentamente, e confesso que com algum nervosismo, pois à muito que não o fazia, despi-o, tirei todo o papel envolvente. Ele olhava-me com um misto de excitação e curiosidade. Nunca tinha sido comido, não sabia se ia magoar, se ia gostar… Dividi-o em dois e qual não foi a minha surpresa ao ver que o ovo interno está com um design diferente!
Então, comi-o. O sabor era o mesmo, aquele de que me lembrava! Mas não achei nada de especial. Abri o ovo surpresa (depois de algum tempo a perceber os intricados mecanismos para que isso acontecesse… afinal funciona da mesma forma que os antigos) vi o brinde, que me desiludiu bastante… e pronto, prossegui a minha vida.
A propósito, hoje comprei tulicreme… acho que ando um bocado saudosista…
P.S.: Eu sei que as falas não são bem assim. As minhas sinceras desculpas por qualquer falha ou liberdade literária, a vós leitores e aos actores dos anúncios que tanto tempo gastaram para as decorar.
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Miguel Ribeiro Pedras
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Dos arremessos
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A prática de desporto é, sem dúvida, uma actividade muitíssimo saudável.
Há quem prefira arrastar-se para o ginásio, há quem se atire ao mar com uma prancha, outros obstinam-se em perseguir uma bola num verde prado. Mais raros são os que levam a coisa mesmo a sério e se dedicam de alma, e corpo, claro está, a uma certa modalidade.
Pelas nossas terras lusitanas, e é assim desde tempo imemoriais, as novidades que chegam já deixaram há muito de o ser por outras paragens. Pois que parece existir um novo desporto, daqueles que nascem das ideias mais insólitas, muito em voga além fronteiras. Qual é? Digo já. Mas antes, recomendava mesmo ao comité olímpico que ponderasse incluir a modalidade já na edição de 2012.
Um sapato. Isso mesmo, o calçado é que está na base desta actividade. Trata-se do arremesso do sapato ao político. E acreditem, veio para ficar. Até se compreende, sendo as exigências da modalidade tão poucas. Basta um sapato, de preferência com uma sola bem resistente, e uma conferência de imprensa ou ajuntamento que envolva figuras de Estado. Depois, é só ter boa pontaria.
Vejam-se os exemplos. George Bush, no Iraque, foi alvo de um arremesso quase perfeito, não fosse o senhor presidente ter um bom golpe de vista e reflexos ainda melhores. Como se não bastasse, em Sevilha, um homem lançou outro sapato, desta feita ao primeiro-ministro turco. Parece que não acertou. Menos sorte teve o italiano que atingiu em cheio Berlusconi. Seria perfeito não tivesse, à falta de sapato, voado uma réplica da catedral de Milão. Foi desclassificado, está mesmo a ver-se.
Termino com o desejo costumado de que por cá se refreiem os ímpetos desportistas. Não seria agradável ver um presidente hospitalizado depois de ser atingido por uma bota ou um membro do governo filosofar quando lhe acertam com um par de ténis. Portanto, estimados leitores, contenham os ímpetos. E quem nunca teve desejos destes que atire o primeiro sapato.
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Hugo Franco d'Araújo
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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
Lectio perpetua
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Aqui o tempo não passa. Ali, ao Campo Grande, que se tornou pequeno para o caudal de trânsito e a quem os prédios, altos, roubaram a réstia de bucolismo.
Lá dentro, a frieza dos mármores do Estado que então se dizia novo, as alegorias do passado, o ressoar vazio dos passos, as mesmas lombadas gastas, tudo imutável. Dir-nos-íamos na década de 70, quando a patine que se respira era o cheiro orgulhoso da novidade que não se estreara ainda. Desde aí, só lhe mudou o nome. Foi de Lisboa, agora é portuguesa, mas sempre nacional.
A imponência, se existe, é forçada. Não tem a graciosidade e a leveza férrea da velha Bibliothèque Nationale, a solenidade esmagadora das estantes do Congresso ou a transparência luminosa da British Library. Só os traços severos de um modernismo já idoso.
Na sala, onde se lê, impera o silêncio monástico que transportou consigo desde os tempos do convento de São Francisco. Só o zumbido dos computadores, o bater das teclas que triunfou sobre o correr da pena, quebram a tranquilidade do espaço. Ao fundo, na Leitura Nova desbotada, permanecem as personagens, sempre as mesmas, mudas, tão mudas como os que efemeramente se sentam diante delas.
Falta a luz. A luz que as persianas insistem em ocultar, que permanece retida lá fora. Como se alguém nos mantivesse de castigo, como se faz com crianças a quem se diz «todos para parede e nada de brincadeiras». O silêncio triste é tradição. Mas a penumbra, o ar pesado, o mesmo mofo irrespirável, mais da sisudez dos homens que da velhice dos livros, tudo remete para uma penitência, como se ler, se pousar os olhos num grão de algum saber, fosse uma punição. Não é. Triste é haver quem diga que sim.
O que falta a muitos, se não a todos, é a vontade de ser e, sobretudo, de pensar. Pensar?! Para quê? Agora é tão fácil viver simplesmente porque sim e por nada. A este propósito, podia citar Descartes. Falta também, a cada um de nós, vontade de ver, de conhecer e de saber. Aqui podia encaixar Sócrates, o filósofo, entenda-se. Mas não. Basta dizer que existo, que penso e que percebo, a cada dia passado, que nada saberei.
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Hugo Franco d'Araújo
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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
L'été me manque
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Hugo Franco d'Araújo
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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
If you're going to...
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Fama, pelo menos, não lhe falta. Ele é filmes, ele é séries, mais livros e canções, tudo o resto onde se possa encaixar o nome do estado e daquelas cidades muito american dream. Hollywood, San Francisco, Orange County… Mas além do sol, das praias e da joie de vivre, há mais para oferecer.
A moda mais recente é a dos governadores assim a puxar para o incomum. Primeiro, já lá vão quase sete anos, veio o Schwarzenegger (nome tramado para alguém com um cargo público). À custa de ser popular, digo eu, que desconheço o projecto do senhor, lá conseguiu um gabinetezinho em Sacramento. Dos écrans de cinema para os palcos da política (onde não se é menos actor) foi um salto.
A saga continua. E agora, com eleições já próximas, chegou a vez de mais uma candidatura interessante. Frederic, alemão de nascimento e adoptado por uma princesa da família Anhalt, concorre ao lugar de Arnold. Assim, depois de um actor austríaco, a Califórnia pode ficar nas mãos de um príncipe germânico. Que nobre atitude, diria eu.
De resto, esperemos que a moda não pegue. Caso contrário, corremos o sério risco de ter um Dan Brown mayor ou a Lady Gaga à presidência. Aí sim, os paparazzi iam delirar.
Por cá, já estivemos mais longe. Que andam por aí muitos artistas, lá isso andam. Bons actores, são ainda mais. Mas haja bom senso, senhores, e cada um com seu mister.
Ah, a Califórnia… Esse pedaço de paraíso ali mesmo à beira do Pacífico.
Fama, pelo menos, não lhe falta. Ele é filmes, ele é séries, mais livros e canções, tudo o resto onde se possa encaixar o nome do estado e daquelas cidades muito american dream. Hollywood, San Francisco, Orange County… Mas além do sol, das praias e da joie de vivre, há mais para oferecer.
A moda mais recente é a dos governadores assim a puxar para o incomum. Primeiro, já lá vão quase sete anos, veio o Schwarzenegger (nome tramado para alguém com um cargo público). À custa de ser popular, digo eu, que desconheço o projecto do senhor, lá conseguiu um gabinetezinho em Sacramento. Dos écrans de cinema para os palcos da política (onde não se é menos actor) foi um salto.
A saga continua. E agora, com eleições já próximas, chegou a vez de mais uma candidatura interessante. Frederic, alemão de nascimento e adoptado por uma princesa da família Anhalt, concorre ao lugar de Arnold. Assim, depois de um actor austríaco, a Califórnia pode ficar nas mãos de um príncipe germânico. Que nobre atitude, diria eu.
De resto, esperemos que a moda não pegue. Caso contrário, corremos o sério risco de ter um Dan Brown mayor ou a Lady Gaga à presidência. Aí sim, os paparazzi iam delirar.
Por cá, já estivemos mais longe. Que andam por aí muitos artistas, lá isso andam. Bons actores, são ainda mais. Mas haja bom senso, senhores, e cada um com seu mister.
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domingo, 21 de fevereiro de 2010
Le Grand Tour
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Hugo Franco d'Araújo
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sábado, 20 de fevereiro de 2010
Olhe, pode ser outra por favor!
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Ao que parece a senhora está ultrapassada. Mudem-se-lhe os peitos, o rosto e até a roupa que já está démodé! A figura é velha, gasta, reformem a mulher, a que temos não basta!
Por outras palavras, que não estas, é assim que se pronunciam algumas vozes descontentes. O alvo é a velha República, o seu busto, mais propriamente.
A ideia de alterar o busto republicano não é de todo original, já a pobre Marianne, das terras de França, teve a sua dose de transmutações.
Mas, e em Portugal? Deveríamos nós fazer o mesmo, exigir uma República de cara lavada e manda-la para a Corporación Dermoestética? Não lhe haveria de fazer mal… Eu sei que é um símbolo nacional e tudo mais… mas porque raio havemos nós de ter como símbolo nacional uma mulher com ares de padeira-revolucionária-chateada-com-a-sua-vida-de-mãe-solteira?
Temos tanta riqueza em exemplos femininos que enriquecem o nosso país no seu dia-a-dia. Venha a Júlia Pinheiro ou a Fátima Lopes inspirar o escultor, que seja a Amália a nova musa da República, a Ivone que até entrou no anúncio do Pingo Doce, a dona Judite do 3º esquerdo ou a velhinha da esquina! (e a senhora da esquina se quiser também pode ir ao casting)
Depois do novo busto estar concluído, fazia-se réplicas de bustozinhos em plástico de cores variadas e brilhantes para que pudéssemos ter alguma coisa para pôr em cima do naperon da televisão.
Não?
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Por outras palavras, que não estas, é assim que se pronunciam algumas vozes descontentes. O alvo é a velha República, o seu busto, mais propriamente.
A ideia de alterar o busto republicano não é de todo original, já a pobre Marianne, das terras de França, teve a sua dose de transmutações.
Mas, e em Portugal? Deveríamos nós fazer o mesmo, exigir uma República de cara lavada e manda-la para a Corporación Dermoestética? Não lhe haveria de fazer mal… Eu sei que é um símbolo nacional e tudo mais… mas porque raio havemos nós de ter como símbolo nacional uma mulher com ares de padeira-revolucionária-chateada-com-a-sua-vida-de-mãe-solteira?
Temos tanta riqueza em exemplos femininos que enriquecem o nosso país no seu dia-a-dia. Venha a Júlia Pinheiro ou a Fátima Lopes inspirar o escultor, que seja a Amália a nova musa da República, a Ivone que até entrou no anúncio do Pingo Doce, a dona Judite do 3º esquerdo ou a velhinha da esquina! (e a senhora da esquina se quiser também pode ir ao casting)
Depois do novo busto estar concluído, fazia-se réplicas de bustozinhos em plástico de cores variadas e brilhantes para que pudéssemos ter alguma coisa para pôr em cima do naperon da televisão.
Não?
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Miguel Ribeiro Pedras
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Outrora
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Mesmo que uma ou duas tenham sobrevivido, as lojas seriam outras. Não há entrada de metro ou músicos a tocar orgulhosas guitarradas, ainda assim, é o Chiado...
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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
Thursday's Lux(ury)
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Bocejo terminal
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Parece que um estudo recente concluiu que o tédio pode matar. Pronto, não é assim de repente, mas a verdade é que as pessoas mais positivas e bem-dispostas têm uma longevidade maior.
Este tédio assassino devia, tal como a gripe A (cada vez mais mortífera, como se tem visto), ser merecedor de toda a atenção do ministério da saúde. Devia elaborar-se já um plano de contenção para evitar um aborrecimento pandémico e, claro, criar uma linha telefónica para esclarecer os sensaborões. Sugeria mesmo que se fizessem consultas de planeamento lúdico, de forma a evitar as tendências de uma vida rotineira. O utente dirige-se ao gabinete do médico onde lhe é fornecido um plano de sugestivas actividades que trarão mais cor à sua tradicional pacatez. E ainda recebe um exemplar da agenda cultural.
Como o plano pode não resultar, é necessário equipar os hospitais para acolher os infectados cinzentões. Criar enfermarias especiais e salas equipadas com consolas de jogos, aparelhos de som, televisões e uma equipa sempre pronta de humoristas preparada para intervenções de choque. Reanimar, literalmente, é a palavra de ordem.
Contudo, não obstante a boa vontade, existem pessoas geneticamente predispostas ao fastio. E nesses momentos é um desgosto para a família, quando questiona o médico humorista acerca da esperança de vida do doente, ouvi-lo dizer: «Lamento, mas este bocejo não engana. Está em fase terminal.»
Para evitar este surto, o melhor é prevenir o contágio. E, pelo sim, pelo não, quando alguém vos disser que está aborrecido de morte, peguem no telefone e marquem o número de emergência. A infelicidade pode tornar-se num caso sério.
Este tédio assassino devia, tal como a gripe A (cada vez mais mortífera, como se tem visto), ser merecedor de toda a atenção do ministério da saúde. Devia elaborar-se já um plano de contenção para evitar um aborrecimento pandémico e, claro, criar uma linha telefónica para esclarecer os sensaborões. Sugeria mesmo que se fizessem consultas de planeamento lúdico, de forma a evitar as tendências de uma vida rotineira. O utente dirige-se ao gabinete do médico onde lhe é fornecido um plano de sugestivas actividades que trarão mais cor à sua tradicional pacatez. E ainda recebe um exemplar da agenda cultural.
Como o plano pode não resultar, é necessário equipar os hospitais para acolher os infectados cinzentões. Criar enfermarias especiais e salas equipadas com consolas de jogos, aparelhos de som, televisões e uma equipa sempre pronta de humoristas preparada para intervenções de choque. Reanimar, literalmente, é a palavra de ordem.
Contudo, não obstante a boa vontade, existem pessoas geneticamente predispostas ao fastio. E nesses momentos é um desgosto para a família, quando questiona o médico humorista acerca da esperança de vida do doente, ouvi-lo dizer: «Lamento, mas este bocejo não engana. Está em fase terminal.»
Para evitar este surto, o melhor é prevenir o contágio. E, pelo sim, pelo não, quando alguém vos disser que está aborrecido de morte, peguem no telefone e marquem o número de emergência. A infelicidade pode tornar-se num caso sério.
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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
Si Versailles m'était conté
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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
Pêlo na venta
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A propósito ainda dessa maravilhosa película que dá pelo nome de Lobisomem, importa dizer alguma coisita mais. Pois que, ansioso por ajuizar sobre o dito, lá me deixei arrastar até ao São Jorge. E estou indignado.
Bom, não me pronuncio sobre o argumento (ai, tão pobrezinho…) nem desvendo pormenores para que ainda possam ser surpreendidos quando o filme chegar aos cinemas. Mas não posso esconder mais a minha indignação. A criatividade dos realizadores e produtores está a esgotar-se. Então não é que os protagonistas do filme são inspirados na família Gonzáles? E quem são esses senhores, perguntar-me-ão os estimados leitores?
Ora Pedro Gonzáles (não, não é com um z no final), também conhecido como o Lobisomem das Canárias (esta alcunha é deliciosa) nasceu em Tenerife, no século XVI. Com uma pilosidade facial fora do comum, o rapazito depressa se tornou uma atracção. Levaram-no a passear e tantas voltas deu que foi para à corte do rei de França, Henrique II. Como fazia parte daquelas pessoas que não usam a cabeça, e a cara, acrescento eu, só para ter cabelo, parece que se conseguiu destacar como diplomata.
Mas uma desgraça nunca vem só. O senhor casou e teve filhos, ou melhor, filhas, que eram portadoras da mesma doença. Pois é, pelo menos perceberam que se tratava de uma doença genética. Agora imagine-se como, na casa dos Gonzáles, com tanta gente de pêlo na venta, devia ser difícil manter a tranquilidade.
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Hugo Franco d'Araújo
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terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
(des)akordo
Já se sabe que isto do Acordo Ortográfico ia dar confusão. Costuma dizer-se que a falar é que a gente se entende e, verdade verdadinha, nunca esta máxima pareceu tão acertada. Sim, porque a escrever é que não nos entendemos com certeza.
Parece que quanto à adopção (perdão, adoção… ai, não, afinal pode escrever-se de ambas as formas! hum?!) do tal acordo nada se pode fazer para o evitar. Resta esperar pelas reacções (ah, desculpem lá… agora é que é: reações) das pessoas que falam e escrevem português ou que, pelo menos, tentam fazê-lo. Assim por alto, diria por aí uns duzentos e tal milhões de pessoas. Coisa pouca.
No entanto, não temos de dar a volta ao mundo para ver em que pé as coisas estão. Aqui mesmo, em Lisboa, há dados bem reveladores acerca da adesão da populaça ao tratado-internacional-cujo-objectivo-é-fazer-de-conta-que-uniformiza-as-grafias-dos-países-de-língua-portuguesa. Pois, exatamente no coração da nossa capital encontrámos a pérola da imagem aí de cima, que não quisemos deixar de registar.
A lojinha, com ar de mercearia, poderia ser de um qualquer sr. António, que depois de uns anos a juntar trocos no Brasil, onde era chamado de Antônio, volta à terra para montar o negócio. Bem, o ramo de actividade do esbelecimento não vem ao caso. Interessa mesmo é que nos foquemos nas alterações ortográficas.
Ao que parece, toque passou a toke e campainha, que há muito deixou de ser campaínha, torna-se agora kampainha. Como a falta de educação é uma coisa muito feita, é melhor acrescentar um obrigada. Muito obrigado, digo eu, por esta pérola.
Enfim, para pôr um ponto final no assunto, que a prosa vai longa, faço aqui um mea culpa. Quando vejo kk nas mensagens de texto, acredito tratar-se de uma forma para substituir dois caracteres por um. Mas não, agora fiquei na dúvida… Tratar-se-á de uma nova regra ortográfica? Afinal os adolescentes, em vez de preguiçosos, são é mais informados que eu? Desconfio que sim, e começo a ficar farto. Portanto, e em bom português, vão-se lixar.
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Hugo Franco d'Araújo
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domingo, 14 de fevereiro de 2010
Le Grand Tour
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Miguel Ribeiro Pedras
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À primeira vista
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Era uma vez um bispo cristão… Bem, abreviemos. Diz que o tal de Valentim era uma versão romana do nosso Santo António, muito dado a casamentices, mesmo quando foram proibidas pelo imperador Cláudio. Ora, continuado ele a celebrar o tal sacramento às escondidas, para além de antecipar o registo civil com aquele género de «casamento na hora», foi previsivelmente detido por desobediência à lei. Como naquele tempo ninguém estava para brincadeiras, vai de o condenar à morte.
Os pombinhos romanos, muito tristes com o final do santo (que ainda não o era) começam a enviar-lhe coisas lamechas para o cárcere. «Ai, o amor é tão bonito», «ai, a gente ainda acredita no amor», «ai, querido Valentim, vamos casar para a semana e queríamos que fosse o senhor a oficiar» e coisas do género.
Mas, como santo que é santo não vai lá sem o seu milagre, as manifestações de apoio não eram suficientes. Entretanto, a filha do carcereiro, que era cega, enamorou-se do sacerdote. Se foi paixão à primeira vista? Duvido.
O certo é que houve alguma química, o Valentim gostou da pequena e love is in the air… Asterias, que era o nome da jovem, recuperou a visão. E o prisioneiro, num golpe de mestre, passou a ter alguém que olhasse por ele no cativeiro e conseguiu o milagre indispensável para que, depois de lhe cortarem cabeça, se tornasse santo.
Amanhã é dia de São Faustino, dia dos solteiros. Reconfortante, não é?
Ontem foi dia de São Benigno. Hoje é dia de São Valentim.
Era uma vez um bispo cristão… Bem, abreviemos. Diz que o tal de Valentim era uma versão romana do nosso Santo António, muito dado a casamentices, mesmo quando foram proibidas pelo imperador Cláudio. Ora, continuado ele a celebrar o tal sacramento às escondidas, para além de antecipar o registo civil com aquele género de «casamento na hora», foi previsivelmente detido por desobediência à lei. Como naquele tempo ninguém estava para brincadeiras, vai de o condenar à morte.
Os pombinhos romanos, muito tristes com o final do santo (que ainda não o era) começam a enviar-lhe coisas lamechas para o cárcere. «Ai, o amor é tão bonito», «ai, a gente ainda acredita no amor», «ai, querido Valentim, vamos casar para a semana e queríamos que fosse o senhor a oficiar» e coisas do género.
Mas, como santo que é santo não vai lá sem o seu milagre, as manifestações de apoio não eram suficientes. Entretanto, a filha do carcereiro, que era cega, enamorou-se do sacerdote. Se foi paixão à primeira vista? Duvido.
O certo é que houve alguma química, o Valentim gostou da pequena e love is in the air… Asterias, que era o nome da jovem, recuperou a visão. E o prisioneiro, num golpe de mestre, passou a ter alguém que olhasse por ele no cativeiro e conseguiu o milagre indispensável para que, depois de lhe cortarem cabeça, se tornasse santo.
Amanhã é dia de São Faustino, dia dos solteiros. Reconfortante, não é?
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Hugo Franco d'Araújo
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sábado, 13 de fevereiro de 2010
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
Trincas e uivos
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Juro que não percebo. A moda da Idade das Trevas (não me peçam para a balizar cronologicamente) veio em força e parece ter sido para ficar. Mas eu não percebo. Primeiro os vampiros, que são meio de luas, invadem livros, filmes e séries, num verdadeiro banho de sangue. Depois, como se não bastasse, trazem por arrasto os lobisomens, que são de luas cheias. Não sei o que será pior: se uma pessoa nascer arraçada de morcego ou ter mais pêlo nas costas que um certo actor brasileiro.
E há público, senhores, há público para isto! E ideias novas, não? Temas inéditos, que tal? Não, deve dar muito trabalho, e o sucesso pode não ser garantido. Fosse eu argumentista e apostava numa paixão impossível entre um centauro e uma unicórnia, ou na amizade inseparável de um ciclope com uma ceguinha. Vá lá, senhores que escrevem os guiões, tenham imaginação, não se limitem ao tráfico humano (da Transilvânia para Hollywood) nem a colorir personagens antigas (como aconteceu com a Pocahontas que, não contente com as intervenções plásticas ao rosto, decidiu ficar azul).
Tudo isto para partilhar uma angústia que se apoderou de mim. Seria muito mau assistir à ante estreia do Lobisomem? Não, pois não? Era para depois falar com conhecimento de causa, não era? Pois, era mesmo isso que eu estava a pensar.
E há público, senhores, há público para isto! E ideias novas, não? Temas inéditos, que tal? Não, deve dar muito trabalho, e o sucesso pode não ser garantido. Fosse eu argumentista e apostava numa paixão impossível entre um centauro e uma unicórnia, ou na amizade inseparável de um ciclope com uma ceguinha. Vá lá, senhores que escrevem os guiões, tenham imaginação, não se limitem ao tráfico humano (da Transilvânia para Hollywood) nem a colorir personagens antigas (como aconteceu com a Pocahontas que, não contente com as intervenções plásticas ao rosto, decidiu ficar azul).
Tudo isto para partilhar uma angústia que se apoderou de mim. Seria muito mau assistir à ante estreia do Lobisomem? Não, pois não? Era para depois falar com conhecimento de causa, não era? Pois, era mesmo isso que eu estava a pensar.
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Hugo Franco d'Araújo
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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
A Bela e a Fraude
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Para se desenganarem a si mesmas, as jovens moçoilas costumam dizer que o príncipe encantado não existe. Não podiam estar mais certas.
O problema é que princesas encantadas, daquelas que têm a sua existência constantemente atormentada por uma bruxa malvada, também não existem. Que sejam princesas pronto, ainda se pode acreditar, agora os feitiços, aqueles sortilégios de meia tigela, é que não convencem ninguém.
A Branca de Neve já foi descoberta há muito. Uma grande aflição, ai que é uma maçã envenenada, ai que era tão boa pessoa, mas afinal ficou-lhe um pedaço entalado que facilmente escorregou com uma respiração boca-a-boca. E foi uma sortuda, a menina Branca, porque se em vez do príncipe montado no corcel branco ela tivesse de esperar pela viatura de emergência do INEM, ainda hoje os anões lá estariam a chorá-la.
Eis que chegou o momento de desmascarar a Bela Adormecida. Aquilo não foi coisa que lhe deu assim do pé para a mão. Nah, nah… Diz que é doença, é a síndrome de Kleine-Levin! Apareceu agora uma jovem inglesa que padece do mesmo mal e que precisa de um valente abanão para despertar da sonolência em que vive. Acredita-se que se trata de uma infecção viral, combinada com uma predisposição genética. Ora bem, tendência para a preguiça já todos temos. A infecção… bem, acontece.
Foi o azar da Belinha. O fuso estava enferrujado, a menina foi lá picar e claro, o bicho pegou-se-lhe. Depois, nada mais simples do que esperar por um jovem bem apessoado que a cumprimente de forma um tudo-nada atrevida (sim, que foi logo beijo na boca).
Por isso, jovens do nosso tempo, desenganem-se. Não esperem que apareça do nada um príncipe encantado: vão mas é ao médico com frequência e tenham cuidado com a fruta que comem.
O problema é que princesas encantadas, daquelas que têm a sua existência constantemente atormentada por uma bruxa malvada, também não existem. Que sejam princesas pronto, ainda se pode acreditar, agora os feitiços, aqueles sortilégios de meia tigela, é que não convencem ninguém.
A Branca de Neve já foi descoberta há muito. Uma grande aflição, ai que é uma maçã envenenada, ai que era tão boa pessoa, mas afinal ficou-lhe um pedaço entalado que facilmente escorregou com uma respiração boca-a-boca. E foi uma sortuda, a menina Branca, porque se em vez do príncipe montado no corcel branco ela tivesse de esperar pela viatura de emergência do INEM, ainda hoje os anões lá estariam a chorá-la.
Eis que chegou o momento de desmascarar a Bela Adormecida. Aquilo não foi coisa que lhe deu assim do pé para a mão. Nah, nah… Diz que é doença, é a síndrome de Kleine-Levin! Apareceu agora uma jovem inglesa que padece do mesmo mal e que precisa de um valente abanão para despertar da sonolência em que vive. Acredita-se que se trata de uma infecção viral, combinada com uma predisposição genética. Ora bem, tendência para a preguiça já todos temos. A infecção… bem, acontece.
Foi o azar da Belinha. O fuso estava enferrujado, a menina foi lá picar e claro, o bicho pegou-se-lhe. Depois, nada mais simples do que esperar por um jovem bem apessoado que a cumprimente de forma um tudo-nada atrevida (sim, que foi logo beijo na boca).
Por isso, jovens do nosso tempo, desenganem-se. Não esperem que apareça do nada um príncipe encantado: vão mas é ao médico com frequência e tenham cuidado com a fruta que comem.
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Hugo Franco d'Araújo
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Sorria, está a ser alimentado!
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Que isto já viu melhores dias, que é Inverno e anda tudo meio cinzentão, que nos estamos a ver mais gregos que os gregos com a crise, nada disso é novidade. Mais recente é a forma de vencer esta realidade tristonha que, a julgar pela amostra, passa por adicionar suplementos à comida. O velhinho cliché das «8 vitaminas, ferro e cálcio» passou à história. Sim, porque o que resulta mesmo é uma boa bolacha recheada de alegria.
É verdade. Não sei como é que tal proeza foi conseguida, mas diz que as bolachas têm recheio de alegria a que eu, na minha ingenuidade de consumidor desprevenido, chamaria antes de chocolate. Mas não. É com alegria, dizem eles. Quanto aos resultados da manipulação da tradicional bolacha de chocolate, desconheço-os também. Talvez ponham as pessoas a rir à gargalhada ou a saltar e pular como se não houvesse amanhã. O facto é que, mesmo sem ter comido nenhuma, estampou-se-me um sorriso idiota na cara ao ver semelhante rótulo.
Quando voltar ao supermercado, estarei mais atento. É que sentimentos positivos nunca são demais e uns biscoitinhos de esperança, uns canelloni de optimismo e um croissant recheado de confiança sabem sempre bem. Se o preço for em conta, claro.
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Hugo Franco d'Araújo
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domingo, 7 de fevereiro de 2010
Le Grand Tour
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Hugo Franco d'Araújo
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Pelos ares
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Mas não, afugenta-se a organização à bruta, assustam-se os bascos que tinham trazido explosivos, computadores, mapas de cidades, dispostos a desenvolver a economia e o turismo! Que o diga o senhorio, privado bruscamente do aluguer da sua vivenda. E logo em Óbidos, uma vila tão simpática…
Se tivermos em conta as actividades do município, o cenário é ainda pior. Claro que uma basezinha terrorista iria atrair mais espanhóis. E claro que eles, tal como os portugueses, hão-de ser grandes apreciadores de feiras medievais, árabes, de festivais natalícios e chocolatenses. Agora pensem no lucro que seria ter os etarras em procissão pela rua Direita, a provar ginjinhas, a comprar postalinhos… De resto, a julgar pelo modo como se apresentam naquela espécie de conferências de imprensa, iriam certamente ter acesso gratuito ao recinto da feira árabe.
Enfim, que isto sirva de lição. Da próxima vez que descobrirem explosivos, até podem ser da Al-Qaeda, num modesto apartamento, daqueles com dois quartos, uma marquise e vista para a CREL, pensem duas vezes. Em tempos de crise, não é bom afugentar o investimento estrangeiro.
A bomba rebentou na sexta-feira. Foi encontrada, numa moradia em Óbidos, grande quantidade de explosivos, todos guardadinhos para a ETA. Claro que a polícia, autora desta descoberta bombástica, trabalhou com tal afinco que só lá chegou quando já não havia ninguém em casa.
E pronto, é aqui que começam os disparates. Então o país anda de rastos, crise para lá, crise para cá, investimento para aqui, investimento para ali, e deixam-se fugir assim os senhores da ETA?! Que raio de incentivos são estes? As pessoas do País Basco metem-se à estrada, querem expandir o negócio, vêm para outro país… É investimento estrangeiro, é o que precisamos!
Mas não, afugenta-se a organização à bruta, assustam-se os bascos que tinham trazido explosivos, computadores, mapas de cidades, dispostos a desenvolver a economia e o turismo! Que o diga o senhorio, privado bruscamente do aluguer da sua vivenda. E logo em Óbidos, uma vila tão simpática…
Se tivermos em conta as actividades do município, o cenário é ainda pior. Claro que uma basezinha terrorista iria atrair mais espanhóis. E claro que eles, tal como os portugueses, hão-de ser grandes apreciadores de feiras medievais, árabes, de festivais natalícios e chocolatenses. Agora pensem no lucro que seria ter os etarras em procissão pela rua Direita, a provar ginjinhas, a comprar postalinhos… De resto, a julgar pelo modo como se apresentam naquela espécie de conferências de imprensa, iriam certamente ter acesso gratuito ao recinto da feira árabe.
Enfim, que isto sirva de lição. Da próxima vez que descobrirem explosivos, até podem ser da Al-Qaeda, num modesto apartamento, daqueles com dois quartos, uma marquise e vista para a CREL, pensem duas vezes. Em tempos de crise, não é bom afugentar o investimento estrangeiro.
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Hugo Franco d'Araújo
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Sprezzatura
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Dá-me um prazer tremendo quando vejo dois filmes diferentes, que partilham o mesmo actor, mas isso parece nem se notar. Quando a caracterização, mas mais do que isso, a interpretação transforma uma pessoa e multiplica-a em distintas personagens.
É um facto que isso acaba por ser uma condição sine qua non para se ser actor, mas nem todos possuem esse dom, ou nem todos o alimentam e optam por redundar as suas carreiras em papéis repetitivos e similares.
Felizmente ainda vai existindo diferença e excelência nessa arte. E tudo isto apenas para referir aquela que ocupou um lugar nunca antes ocupado na minha vida: a minha actriz preferida. Meryl Streep. De arrogante e ameaçadora, em The Devil Wears Prada a determinada, persistente e até um pouco sinistra em Doubt ou ainda divertida e empolgante em Mamma Mia! – e revelando que também sabe cantar – Meryl mostra de que fibra é feita e torna-se apaixonante assistir ao seu trabalho. Está agora nomeada para o Óscar de melhor actriz em Julie & Júlia, onde, mais uma vez nos deslumbra, com uma personagem cómica e amorosa.
Adjectivos e personagens à parte. Quanto a mim, Meryl merece o Óscar de melhor actriz, não deste ou daquele filme, mas dos últimos tempos.
É um facto que isso acaba por ser uma condição sine qua non para se ser actor, mas nem todos possuem esse dom, ou nem todos o alimentam e optam por redundar as suas carreiras em papéis repetitivos e similares.
Felizmente ainda vai existindo diferença e excelência nessa arte. E tudo isto apenas para referir aquela que ocupou um lugar nunca antes ocupado na minha vida: a minha actriz preferida. Meryl Streep. De arrogante e ameaçadora, em The Devil Wears Prada a determinada, persistente e até um pouco sinistra em Doubt ou ainda divertida e empolgante em Mamma Mia! – e revelando que também sabe cantar – Meryl mostra de que fibra é feita e torna-se apaixonante assistir ao seu trabalho. Está agora nomeada para o Óscar de melhor actriz em Julie & Júlia, onde, mais uma vez nos deslumbra, com uma personagem cómica e amorosa.
Adjectivos e personagens à parte. Quanto a mim, Meryl merece o Óscar de melhor actriz, não deste ou daquele filme, mas dos últimos tempos.
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Miguel Ribeiro Pedras
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sábado, 6 de fevereiro de 2010
Pedras e tijolos
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Portugal é um país pioneiro na inovação. Isso já toda a gente sabe.
O que muitos não sabem é que, na semana que já lá vai, decorreu a cerimónia de início dos trabalhos do novo Museu dos Coches. Concorde-se ou não, a atribuição de verbas ao novo museu, que afinal já é velho, pode ser motivo de discórdia (ah, e tal, é o mais visitado do país… pois, mas talvez fosse boa ideia investir nos outros para que se tornem mais atractivos).
Bom, o que realmente merece destaque é esse evento extraordinário que marcou a apresentação da obra. Não, não se tratou de um lançamentozinho da primeira pedra, aqueles típicos onde as figuras dos Estados e dos governos assentam um bloquinho de calcário no terreno, com a bênção do cardeal atirada lá para cima. Nada disso. Com este desejo de modernidade que nos caracteriza, deixando para trás a tradição dos lançamentos de pedras, o que se fez afinal? Revelou-se um tijolo!
Isso mesmo… O primeiro-ministro, a ministra da Cultura, o presidente da Câmara e outro senhor que agora assim de repente não estou a ver quem é, foram até Belém revelar um tijolo. E foi um momento emocionante, ver uma caixinha amarela (de gosto questionável, diga-se) deslizar e deixar à vista de todos um tijolo, banalíssimo, com um aparato digno de um artefacto arqueológico. Claro, o simbolismo é que conta… De resto, o próprio António Costa, pasmado ante tal revelação, lançou um «ah, isto é muito tecnológico!». Deve ser do choque…
Anseio pelo lançamento da próxima obra, a ver até onde vai a imaginação dos senhores. Será que nos reservam uma apresentação do cimento? Aguardemos. Até lá, resta torcer para que as obras do Museu, por um daqueles revezes que só em Portugal acontecem, não se fiquem apenas pela revelação do tijolo.
O que muitos não sabem é que, na semana que já lá vai, decorreu a cerimónia de início dos trabalhos do novo Museu dos Coches. Concorde-se ou não, a atribuição de verbas ao novo museu, que afinal já é velho, pode ser motivo de discórdia (ah, e tal, é o mais visitado do país… pois, mas talvez fosse boa ideia investir nos outros para que se tornem mais atractivos).
Bom, o que realmente merece destaque é esse evento extraordinário que marcou a apresentação da obra. Não, não se tratou de um lançamentozinho da primeira pedra, aqueles típicos onde as figuras dos Estados e dos governos assentam um bloquinho de calcário no terreno, com a bênção do cardeal atirada lá para cima. Nada disso. Com este desejo de modernidade que nos caracteriza, deixando para trás a tradição dos lançamentos de pedras, o que se fez afinal? Revelou-se um tijolo!
Isso mesmo… O primeiro-ministro, a ministra da Cultura, o presidente da Câmara e outro senhor que agora assim de repente não estou a ver quem é, foram até Belém revelar um tijolo. E foi um momento emocionante, ver uma caixinha amarela (de gosto questionável, diga-se) deslizar e deixar à vista de todos um tijolo, banalíssimo, com um aparato digno de um artefacto arqueológico. Claro, o simbolismo é que conta… De resto, o próprio António Costa, pasmado ante tal revelação, lançou um «ah, isto é muito tecnológico!». Deve ser do choque…
Anseio pelo lançamento da próxima obra, a ver até onde vai a imaginação dos senhores. Será que nos reservam uma apresentação do cimento? Aguardemos. Até lá, resta torcer para que as obras do Museu, por um daqueles revezes que só em Portugal acontecem, não se fiquem apenas pela revelação do tijolo.
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Hugo Franco d'Araújo
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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
rei morto...
Quando era mais novo achava que um rei só deveria morrer ou de morte natural, ou em batalha. Um regicídio afigurava-se por isso como um acto «anti-natural», não só pela razão óbvia, que subentende o atentado à vida humana, que só por si é deplorável, mas porque, para além do ser humano, o rei é visto como a encarnação da própria pátria na sua pessoa. Um atentado ao rei seria por isso um atentado à nação e a todos nós.
Se à época pensava desta forma, agora penso, não de forma muito diferente, mas talvez um pouco inversa. Um regicídio é condenável como é qualquer acto de violência que resulte na morte de um Homem.
Eu costumo dizer que, enquanto, que com um presidente da República podemos simpatizar ou embirrar, com um rei os sentimentos tornam-se mais fortes e por isso amamo-lo ou odiamo-lo. Nem sempre é assim, eu sei, mas penso que o é na maioria.
D. Carlos foi vítima desse ódio, fruto da radicalidade política a que se votaram os seus carrascos. Ainda que não tenha tido um fim digno de rei, pereceu como um mártir, tal como o príncipe Luís Filipe, tantas vezes esquecido.
Resta-nos recorda-los 102 anos depois.
Se à época pensava desta forma, agora penso, não de forma muito diferente, mas talvez um pouco inversa. Um regicídio é condenável como é qualquer acto de violência que resulte na morte de um Homem.
Eu costumo dizer que, enquanto, que com um presidente da República podemos simpatizar ou embirrar, com um rei os sentimentos tornam-se mais fortes e por isso amamo-lo ou odiamo-lo. Nem sempre é assim, eu sei, mas penso que o é na maioria.
D. Carlos foi vítima desse ódio, fruto da radicalidade política a que se votaram os seus carrascos. Ainda que não tenha tido um fim digno de rei, pereceu como um mártir, tal como o príncipe Luís Filipe, tantas vezes esquecido.
Resta-nos recorda-los 102 anos depois.
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Miguel Ribeiro Pedras
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Aqui d'el-Rei!
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Hugo Franco d'Araújo
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