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Que é feriado, toda a gente repara. Mas nem sempre se percebe muito bem o motivo pelo qual o proletariado se regozija de uma folga extraordinária.
O celebrado poeta Luís Vaz de Camões, endeusado e celebrado pela sua epopeia lusíada, finou-se a 10 de Junho de 1580. Três séculos depois, quando a monarquia vergava já sob o peso da contestação vinda de todas as partes, os republicanos assumiram um protagonismo alargado nas comemorações do III centenário da morte do poeta.
Volvido o 5 de Outubro de 1910, a república quis fazer esquecer os festivos dias religiosos e substituí-los por datas cívicas e laicas que preferencialmente a dignificassem enquanto novo regime. Foi assim com Camões, data próxima da de Santo António, aquele que oscila entre Pádua e Lisboa, deixando manter a tradição de uma festa popular ali em meados de Junho.
O Estado Novo deu-lhe outro uso e fez sobressair os lusíadas daquele tempo e de outros, a raça portuguesa e bem nacional. Passou a dia de Camões, de Portugal e da Raça. Um tempo depois, quando a guerra com as colónias tomava conta dos olhares superiores, passou a servir para mostrar o poderio militar da nação portuguesa.
Enfim, quando floriram cravos em Abril, trocou-se a raça pelas comunidades, na busca de uma sonoridade mais distante da do regime e que lembrasse os emigrantes espalhados pelo globo. Curioso é que, mesmo hoje, em 2010, a celebração faz ponto de honra na bela da parada militar. Afinal, não se ultrapassou assim tão bem as ideologias anteriores a 1974. Se pode parecer ultrapassado? Sim, mas sempre se põem as Forças Armadas em movimento.
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