terça-feira, 9 de março de 2010

McCursos

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Os cursos superiores brotam nas universidades como os cogumelos num bosque. Muitos são iguais, mas mudam-lhes o nome para soar a novidade.

Após doze anos de escolaridade, os adolescentes vêem-se a braços com o dilema das suas vidas. «Ah, estou tão indeciso entre biologia e medicina…» ou então «ai, a escola é uma maçada, eu gosto é de alombar com caixotes mas quero ser licenciado!». Depois, em pleno verão, é vê-los a percorrer sites e guias repletos de códigos e numerus clausus.

A boa notícia é que esses dramas têm os dias contados. A licenciatura em Estudos Gerais é a solução. Isso mesmo. A Universidade de Lisboa criou um curso onde reuniu artes, ciências e humanidades, que funciona como uma espécie de fast-food. O estudante faz o pré-pagamento da propina, selecciona as unidades curriculares, que é como quem diz os ingredientes, e saboreia depois o prato durante três anos lectivos. Se a coisa correr bem, claro.

Quer isto dizer que os meninos podem agora atirar-se para a universidade sem saberem muito bem o que querem. Não faz mal. Vão escolhendo pelo caminho.

Se isto é bom ou mau? Não sei ao certo. Mas não será bastante redutor que cada indivíduo se dedique apenas a uma actividade? Na prática, aliás, isso nem sempre é deste modo. Por que não há-de uma costureira saber cozinhar, um executivo escrever poesia ou um futebolista falar bem português? Eu sei, esta última é mais difícil.

De resto, a formação diversificada está na moda e parece ter-se tornado uma mais-valia. «Hum, tem um currículo variado? Óptimo. Licenciou-se em economia, mestrou-se em jornalismo e doutorou-se em antropologia? Melhor ainda».

Et bien, resta-me solicitar, caros leitores, que caso conheçam algum sítio onde se façam mestrados por medida, me informem imediatamente. Iam resolver o dilema que me absorve nos últimos tempos. Queria muito encomendar um mestrado interessante. E diversificado. Assim com várias áreas de interesse. Com muitas no geral e nenhuma em particular.

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