terça-feira, 23 de março de 2010

Altos e baixos

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A investigação é uma actividade absolutamente louvável. Surpreendentes são certos estudos de onde saem, após longos meses de pesquisas, admiráveis descobertas.

No ano passado, vai para uns mesitos, veio a lume um estudo norte-americano acerca dos benefícios da altura nos humanos. Como é que ninguém pensou nisto?!

Vamos aos factos. Conclui o estudo de inestimável valor, diga-se, que as pessoas mais altas têm uma melhor vida e são, por isso mesmo, mais felizes. De facto, tendem a encarar de forma mais positiva os acontecimentos e registam frequentemente sentimentos positivos, como a alegria e a satisfação. Mas, há sempre um reverso da medalha, e os senhores que não se limitam ao metro e meio têm alguma propensão para o stress e a raiva. Contraditório? Talvez.

A ideia geral da investigação, publicada na Economics and Human Biology, é a de que existe uma relação bastante positiva entre altura, educação e nível de vida dos indivíduos. As omissões são evidentes. Então e o resto da população? Os obesos atarracados, os que padecem de nanismo, os velhinhos marrecos e, claro, aquele vasto sector da população que tem de usar os bicos dos pés para chegar a um balcão ou pedir, no supermercado, ao senhor do lado que chegue àquela prateleira mesmo lá em cima. Serão menos felizes?

A experiência diz-me que a altura tem as suas desvantagens. «Eh, que alto que está para a idade» e «oh rapaz, como está crescido» são dois miminhos com que na adolescência somos brindados pela vizinha ou pelas amigas da avó. As portas do metro e os pés-direitos menos generosos podem também ser um problema.

Um conselho? Sejam felizes sem olhar para a fita métrica. Altos ou baixos, não duvido que o bem-estar esteja ao alcance de todos. Pelo menos devia. Ah, sim! Já agora, cuidado com o aparelho malvado onde nos enfiam para os novos documentos de identificação. A mim, já me roubou dois felizes centímetros. De resto, diz o bordão que os homens não se medem aos palmos. E a felicidade também não.

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