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Celebra hoje o octogésimo oitavo aniversário.
O grande mérito é o de ser uma daquelas figuras que sente a necessidade de fazer, de caminhar ao longo do tempo e da vida com a força de quem quer e sabe o quê. Foi como funcionário público que começou, qualquer coisa como engenheiro de segunda classe, naquela hierarquia complexa que estrutura(va) a administração pública. Colaborou no projecto dos jardins da Gulbenkian, premiados em 1975, onde já dava mostras das fortes preocupações ambientais e ecológicas que têm acompanhado o seu trabalho.
Ao mesmo tempo, militava pelas causas que abraça com convicção. Militava na Juventude Agrária, depois em sessões do Centro Nacional de Cultura que discordavam das orientações do regime. Apoiou Humberto Delgado.
Depois da revolução, foi entrando pelo governo. Responsável pela Secretaria do Ambiente, chegaria a ministro da Qualidade de Vida, infelizmente extinto, talvez por correr o risco de se tornar um ministério sem funções. Elegeu-se deputado outras tantas vezes, concorreu à Câmara Lisboeta e ainda fundou o Partido da Terra.
Deu aulas, consagrando-se em Évora. O Jardim de Amália, bem no topo do Parque, a ele se deve também, projecto quando a idade não permite grandes coisas à maioria.
Ainda hoje é um gosto vê-lo passar, na rua ou no metro. Ao caminhar, mãos cruzadas e rosto firme, deixa no ar a certeza de que a idade não é prova de nada, muito menos de incapacidade. E é um gosto ver crescer a sua obra, mesmo que já bem perpetuada, com o Caminho Verde de Monsanto, a convidar a passeios de bicicleta e saberá o arquitecto quantos mais projectos ainda lhe traçará o pulso.
Velhos, só mesmo os trapos.
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