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Foi por estes dias que Constantinopla caiu. Não foi um simples tropeção ou uma escorregadela ligeira, mas uma queda à séria, com um tombo de tal ordem que o Império Bizantino ficou com os dias contados.
Estava-se em 1453. Os otomanos, naquela gulodice costumada que os impérios têm por novos territórios, iam tomando os locais que outrora haviam sido do Império Romano e andavam de olho na cidade de Constantino, preparando-lhe há muito um assédio insistente.
As muralhas e os súbditos bizantinos provaram ser resistentes. A cidade estava cercada, as muralhas eram alvo de ataques otomanos e mesmo assim faziam-se esforços para reparar os muros e reforçar as defesas. Uma corrente havia sido colocada sob a água, no Corno de Ouro, para que os navios inimigos não pudessem aproximar-se. Estratégia eficaz até o sultão se lembrar de rebocar os navios por caminho seco, até contornar a corrente e penetrar do interior do golfo, mesmo diante da cidade.
A resistência enfraquecia. Maomé II trazia consigo um canhão de dimensões descomunais, com que ia desgastando os muros que protegiam Bizâncio. Um eclipse, tempestades e outras coisas que tais eram entendidas como maus presságios para os sitiados. Não se enganavam muito. Os muçulmanos preparavam um ataque em força, uma espécie de golpe de misericórdia, para encerrar de vez o capítulo da tomada de Constantinopla.
Deu-se a vitória. O imperador, o décimo primeiro Constantino, foi visto a desaparecer na massa dos combates e logo o sultão entrou triunfante numa das cidades mais cobiçadas a oriente. O seu simbolismo era tal que se tornou capital desse mesmo Império Otomano, exibindo com orgulho o poderio muçulmano.
A cidade permanece, ali entre um continente e outro. Os impérios correram os séculos, preguiçosamente. Se o herdeiro oriental do Romano se estendeu até meados do século XV, o Otomano que se seguiu aguentou-se até 1922. Oito anos depois veio a república, que, à semelhança do que por cá se fez, remexeu e alterou a toponímia da tradição. Desde 1930, a capital da Turquia passou a chamar-se Istambul.
Porque os tempos mudam as vontades, a cidade que os otomanos tomaram ao ocidente quer chegar-se à Europa onde já cintilam vinte e tal estrelinhas. O provérbio diz que a União faz a força. Cá estaremos para ver.
segunda-feira, 31 de maio de 2010
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