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quarta-feira, 23 de junho de 2010
Cap d'Antibes
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Hugo Franco d'Araújo
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terça-feira, 22 de junho de 2010
O príncipe encantado
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A jovem Vitória da Suécia, quase uma «princesa do norte, do país da neve fria» como a velha cantiga reza, casou este sábado, não com o mouro da tradição, não com o príncipe encantado ou o cavaleiro andante mais cotado, mas sim com o seu personal trainer.
Verdade seja dita, o costume não é de todo inédito. Filipe de Espanha perdeu-se de amores pela jornalista Letizia e o próprio pai Carlos XVI Gustavo casou com a filha de um empresário germânico.
Esta coisa dos enlaces reais parece ter-se tornado um negócio exclusivamente do coração. Nada de casamentos impostos, amores proibidos, dramas domésticos à melhor maneira de Hollywood ou das novelas da Globo. Se para as cabecinhas mais liberais toda esta coisa de deixar o amor triunfar é muito bonita, os conservadores torcem o nariz a esta espécie de perversão dos costumes e da boa tradição. Então agora a realeza junta-se com a plebe? E pior, a lei da sucessão passa a preocupar-se unicamente com a primogenitura, ignorando completamente o sexo do herdeiro?
Diz o bordão que a tradição já não é o que era e, para o bem e para o mal, não é mesmo. Quanto ao príncipe encantado, e a realidade assim o prova, não passa de mera ilusão. E parece que até as princesas, aquelas de carne e osso com direito a coroa e a castelo, já perceberam a verdade deste refrão.
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Hugo Franco d'Araújo
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segunda-feira, 21 de junho de 2010
domingo, 20 de junho de 2010
Le Grand Tour
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Miguel Ribeiro Pedras
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sábado, 19 de junho de 2010
Memorial
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Contar boas histórias é mister trabalhoso. Não basta converter em caracteres as ideias que a imaginação fabricou, é necessário dar-lhes a mesma alma e vivacidade com que habitam o nosso interior.
Com isto de os jornalistas escreverem romances em vez de notícias, tornou-se banal romancear cruamente passados e presentes, polvilhados aqui e ali com parágrafos que querem atestar a pesquisa histórica feita pelo autor. Diz até que têm sucesso, que se lêem bem, que dão mesmo para adaptações no grande ou no pequeno écran. Caem no goto porque não fazem pensar. Dão para ler no metro ou numa sala de espera porque nenhuma frase merece ser lida duas vezes, seja pela ideia ou pela estética.
Em Saramago fundiam-se ambos os prazeres. As histórias eram boas, bem envolvidas pela escrita afastada dos espartilhos da gramática, que a mente também não conhece. Talvez por isso, os diálogos, completamente diluídos nas frases vastas como o oceano, pareciam mais vívidos que nunca, com tanta emoção nas palavras escritas como naquelas que as personagens pronunciassem. Depois a ideia, a fluidez da páginas que correm num fio contínuo até ao final em que a história se dilui suavemente. Primeiro estranhou-se, depois entranhou-se.
Resta agora a obra de meio século e a marca que a sua morte deixa por cá, na árida placidez de Lanzarote ou no confuso país onde a terra acaba e o mar começa. O vazio que Saramago abre, esse, permanecerá. Como ele próprio disse n’A Caverna. Mesmo que o tempo tudo cure, não vivemos o bastante para tirar-lhe a prova.
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Hugo Franco d'Araújo
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sexta-feira, 18 de junho de 2010
Back to the 60's
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Hugo Franco d'Araújo
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quinta-feira, 17 de junho de 2010
Tesouros escondidos
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A província, que é como quem diz Portugal, guarda nas cidades, nas pequenas vilas e nas velhas aldeias, grandes tesouros que mal se imaginam existir.
Escondido no Parque que depois se baptizou com o nome de D. Carlos I, os turistas e visitantes descobrem-no de repente, depois de se mirarem nas águas meio turvas do lago onde planam cisnes serenos. Lá dentro, das salas por onde se avistam os arvoredos do jardim, guardam-se obras do pintor caldense e de outros nomes do realismo e naturalismo nacionais. Segredo ainda mais bem guardado é a biblioteca, com um simpático acervo centrado nas artes, constituída sob o patrocínio da Fundação Gulbenkian.
Mesmo que não se admirem as secas cavacas ou a delicadíssima louça, de um requinte e bom gosto inenarráveis, as telas de Malhoa merecem uma vista de olhos. Ainda por cima a dois passos de Óbidos, a visita não será em vão.
Ah, e durante o horário de funcionamento do museu é possível ver o pincel do pintor, salvo seja, na estátua que fica em frente à entrada principal. É que, ao cair da noite, tira-se-lho da mão, não vá o diabo tecê-las.
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Hugo Franco d'Araújo
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quarta-feira, 16 de junho de 2010
When the old is better
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Miguel Ribeiro Pedras
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Quem fala assim
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Un homme à qui personne ne plaît est bien plus malheureux que celui qui ne plaît à personne.
Un homme à qui personne ne plaît est bien plus malheureux que celui qui ne plaît à personne.
La Rochefoucauld
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terça-feira, 15 de junho de 2010
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Mão-de-obra
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A cultura chinesa ainda hoje fascina muita gente.
Compreende-se. Nós, monstruosos ocidentais, não vivemos em casinhas de papel, não andamos com os pezinhos em arrozais nem bebemos, de pernas cruzadas no chão, chá em porcelanas coloridas. Há depois toda uma panóplia de dragões e queixas que compões o cenário exótico do Oriente. Eles parecem estar muito bem e falam em cultura milenar. Os ocidentais, menos satisfeitos, preferiram guardar apenas meia dúzia de tradições deturpadas e tratar com estranheza e desconfiança o que vem do outro lado Mundo.
Agora, com esta coisa de uma Exposição Universal em Shanghai, foi a vez de a China receber a presença de outras paragens do planeta azul. Portugal fez questão de se ir mostrar e decidiu pegar na cortiça, essa fascinante matéria-prima da qual se fazem, assim que me lembre, rolhas. Pronto, ainda há os revestimentos acústicos ou a bela da chinelinha, mas nada que prime pelo fantástico ou que possa pôr os chineses de olhos ainda mais em bico.
Mas não, afinal pode mesmo. A cortiça que forra o pavilhão português na exposição fez tanto sucesso que os senhores chino-nipónicos, de que é feita grande parte da massa dos visitantes, decidiram levar para casa pedacinhos de cortiça, assim como quem arranca um pedaço de rocha de uma gruta de aparições ou traz um cantil com água do Jordão.
Por este andar, e se não forem tomadas medidas, não vai haver grande trabalho a desmontar o espaço quanto terminar Shanghai 2010. Até lá, os visitantes terão feito o trabalho. E, pasme-se, sem cobrar nada por isso.
A cultura chinesa ainda hoje fascina muita gente.
Compreende-se. Nós, monstruosos ocidentais, não vivemos em casinhas de papel, não andamos com os pezinhos em arrozais nem bebemos, de pernas cruzadas no chão, chá em porcelanas coloridas. Há depois toda uma panóplia de dragões e queixas que compões o cenário exótico do Oriente. Eles parecem estar muito bem e falam em cultura milenar. Os ocidentais, menos satisfeitos, preferiram guardar apenas meia dúzia de tradições deturpadas e tratar com estranheza e desconfiança o que vem do outro lado Mundo.
Agora, com esta coisa de uma Exposição Universal em Shanghai, foi a vez de a China receber a presença de outras paragens do planeta azul. Portugal fez questão de se ir mostrar e decidiu pegar na cortiça, essa fascinante matéria-prima da qual se fazem, assim que me lembre, rolhas. Pronto, ainda há os revestimentos acústicos ou a bela da chinelinha, mas nada que prime pelo fantástico ou que possa pôr os chineses de olhos ainda mais em bico.
Mas não, afinal pode mesmo. A cortiça que forra o pavilhão português na exposição fez tanto sucesso que os senhores chino-nipónicos, de que é feita grande parte da massa dos visitantes, decidiram levar para casa pedacinhos de cortiça, assim como quem arranca um pedaço de rocha de uma gruta de aparições ou traz um cantil com água do Jordão.
Por este andar, e se não forem tomadas medidas, não vai haver grande trabalho a desmontar o espaço quanto terminar Shanghai 2010. Até lá, os visitantes terão feito o trabalho. E, pasme-se, sem cobrar nada por isso.
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Hugo Franco d'Araújo
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domingo, 13 de junho de 2010
Le Grand Tour
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Hugo Franco d'Araújo
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sábado, 12 de junho de 2010
sexta-feira, 11 de junho de 2010
Back to the 60's
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Miguel Ribeiro Pedras
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quinta-feira, 10 de junho de 2010
Ditosa pátria
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Que é feriado, toda a gente repara. Mas nem sempre se percebe muito bem o motivo pelo qual o proletariado se regozija de uma folga extraordinária.
O celebrado poeta Luís Vaz de Camões, endeusado e celebrado pela sua epopeia lusíada, finou-se a 10 de Junho de 1580. Três séculos depois, quando a monarquia vergava já sob o peso da contestação vinda de todas as partes, os republicanos assumiram um protagonismo alargado nas comemorações do III centenário da morte do poeta.
Volvido o 5 de Outubro de 1910, a república quis fazer esquecer os festivos dias religiosos e substituí-los por datas cívicas e laicas que preferencialmente a dignificassem enquanto novo regime. Foi assim com Camões, data próxima da de Santo António, aquele que oscila entre Pádua e Lisboa, deixando manter a tradição de uma festa popular ali em meados de Junho.
O Estado Novo deu-lhe outro uso e fez sobressair os lusíadas daquele tempo e de outros, a raça portuguesa e bem nacional. Passou a dia de Camões, de Portugal e da Raça. Um tempo depois, quando a guerra com as colónias tomava conta dos olhares superiores, passou a servir para mostrar o poderio militar da nação portuguesa.
Enfim, quando floriram cravos em Abril, trocou-se a raça pelas comunidades, na busca de uma sonoridade mais distante da do regime e que lembrasse os emigrantes espalhados pelo globo. Curioso é que, mesmo hoje, em 2010, a celebração faz ponto de honra na bela da parada militar. Afinal, não se ultrapassou assim tão bem as ideologias anteriores a 1974. Se pode parecer ultrapassado? Sim, mas sempre se põem as Forças Armadas em movimento.
Uma contemplação de
Hugo Franco d'Araújo
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quarta-feira, 9 de junho de 2010
terça-feira, 8 de junho de 2010
Quem fala assim
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Nous ne trouvons guère de gens de bon sens que ceux qui sont de notre avis.
Nous ne trouvons guère de gens de bon sens que ceux qui sont de notre avis.
La Rouchefoucauld
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Hugo Franco d'Araújo
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segunda-feira, 7 de junho de 2010
Carlota
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Era uma vez uma princesa belga que casou com um arquiduque austríaco e foi viver para um castelo à beira-mar… Este poderia ser o início de um conto de fadas com final feliz, mas a história não foi bem assim.
Carlota da Bélgica e Maximiliano da Áustria casaram em Julho de 1857, ainda jovens, com a doçura dos ideais de quem imagina poder moldar o futuro a seu gosto e ter nele um papel principal. O arquiduque, demasiado liberal para o gosto de Francisco José, seu irmão e marido de Sissi, ambicionava transformar a sociedade daquele tempo e Carlota, filha de um rei, sonhava certamente em tornar-se rainha.
Por esse tempo, do outro lado do Atlântico, o México atravessa um período difícil da sua vida de nação. A guerra civil e as revoltas minavam-lhe a estabilidade e tornavam-no presa fácil para outros Estados com ambições imperialistas. Assim era na França de Napoleão, o terceiro de seu nome, que via no Novo Mundo uma via para expandir a sua influência. Para assumir o restaurado império mexicano seria necessário um príncipe europeu, um imperador que tivesse a proeza de reunir consenso e consolidar finalmente a paz no velho território azteca.
Na Europa, ofereceu-se a coroa imperial a Maximiliano. E se o príncipe estava relutante, logo a convicção de Carlota, vendo ali a sua coroa de imperatriz, o convenceu do quão extraordinário seria poder construir na América o império sonhado por ambos. Aceitaram. E, em 1864, na Catedral que agora quase afunda nos terrenos instáveis da velha Tenochtitlan, a princesa foi ungida imperatriz do México.
O sonho durou pouco. Não havia quem deitasse mão às desavenças da gente mexicana. Napoleão, com receio de ter ido demasiado longe, foi abandonado Max às mãos do pueblo e o clima de crispação subiu de tal forma que Carlota, numa derradeira tentativa de salvar o império, embarca rumo ao Velho Continente para buscar auxílio. Enquanto se ajoelhava diante do Papa e dos monarcas seus parentes implorando uma salvação, o seu esposo era julgado por revolucionário que o condenaram à morte. Fuzilamento.
A imperatriz, que entretanto deixara de o ser, nunca voltou a cruzar o oceano. Restou-lhe o desalento da viuvez precipitada e uma loucura que lhe quiseram diagnosticar, mesmo que os psicólogos e psiquiatras não fossem ainda os seres essenciais à existência humana em que hoje se tornaram. A história idílica da princesa transformou-se no conto triste da mulher confinada ao castelo de Miramare, que o par recém-casado construíra perto de Trieste, à beira da tranquilidade azul do Adriático.
Deixou de olhar o mar em 1927, sempre convicta de que o seu marido estava vivo e de que ela, Carlota, era ainda imperatriz do México.
Era uma vez uma princesa belga que casou com um arquiduque austríaco e foi viver para um castelo à beira-mar… Este poderia ser o início de um conto de fadas com final feliz, mas a história não foi bem assim.
Carlota da Bélgica e Maximiliano da Áustria casaram em Julho de 1857, ainda jovens, com a doçura dos ideais de quem imagina poder moldar o futuro a seu gosto e ter nele um papel principal. O arquiduque, demasiado liberal para o gosto de Francisco José, seu irmão e marido de Sissi, ambicionava transformar a sociedade daquele tempo e Carlota, filha de um rei, sonhava certamente em tornar-se rainha.
Por esse tempo, do outro lado do Atlântico, o México atravessa um período difícil da sua vida de nação. A guerra civil e as revoltas minavam-lhe a estabilidade e tornavam-no presa fácil para outros Estados com ambições imperialistas. Assim era na França de Napoleão, o terceiro de seu nome, que via no Novo Mundo uma via para expandir a sua influência. Para assumir o restaurado império mexicano seria necessário um príncipe europeu, um imperador que tivesse a proeza de reunir consenso e consolidar finalmente a paz no velho território azteca.
Na Europa, ofereceu-se a coroa imperial a Maximiliano. E se o príncipe estava relutante, logo a convicção de Carlota, vendo ali a sua coroa de imperatriz, o convenceu do quão extraordinário seria poder construir na América o império sonhado por ambos. Aceitaram. E, em 1864, na Catedral que agora quase afunda nos terrenos instáveis da velha Tenochtitlan, a princesa foi ungida imperatriz do México.
O sonho durou pouco. Não havia quem deitasse mão às desavenças da gente mexicana. Napoleão, com receio de ter ido demasiado longe, foi abandonado Max às mãos do pueblo e o clima de crispação subiu de tal forma que Carlota, numa derradeira tentativa de salvar o império, embarca rumo ao Velho Continente para buscar auxílio. Enquanto se ajoelhava diante do Papa e dos monarcas seus parentes implorando uma salvação, o seu esposo era julgado por revolucionário que o condenaram à morte. Fuzilamento.
A imperatriz, que entretanto deixara de o ser, nunca voltou a cruzar o oceano. Restou-lhe o desalento da viuvez precipitada e uma loucura que lhe quiseram diagnosticar, mesmo que os psicólogos e psiquiatras não fossem ainda os seres essenciais à existência humana em que hoje se tornaram. A história idílica da princesa transformou-se no conto triste da mulher confinada ao castelo de Miramare, que o par recém-casado construíra perto de Trieste, à beira da tranquilidade azul do Adriático.
Deixou de olhar o mar em 1927, sempre convicta de que o seu marido estava vivo e de que ela, Carlota, era ainda imperatriz do México.
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Hugo Franco d'Araújo
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domingo, 6 de junho de 2010
Le Grand Tour
Uma contemplação de
Miguel Ribeiro Pedras
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