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Há pouco mais de cinco séculos nascia, em Pádua, um rapaz a quem deram o nome de Andrea. A condição singela da família dava-lhe apenas uma vida cuja dureza se assemelhava à da pedra que começou a talhar, ainda bem jovem, na oficina de um escultor da cidade.
Ao que parece, o mestre não seria dos melhores e Andrea parte para Vicenza. Pedra sobre pedra, alarga o seu mister à construção, orientado por um pedreiro e um escultor. Algum jeito havia para a coisa, ou não teria o Conde Trissino reparado no aprendiz, logo ele, uma das figuras de relevo da região, conhecido pelo gosto das artes e das letras.
Protegido pelo aristocrata, que lhe dera até novo nome, Palladio depressa mostra estar à altura da confiança depositada e revela grande talento nas coisas de cantaria e arquitectura. A primeira grande obra, uma villa para o filho de um grande proprietário de Vicenza, agradou. Desde então, inaugurou-se um fértil período de construções que rapidamente foram polvilhando a paisagem do Veneto, cujas as ideias Palladio bebia nos mestres da Antiguidade Clássica, de que Vitrúvio era um referência incontornável.
O arquitecto soube, contudo, acrescentar as suas próprias ideias, que foi conseguindo materializar à medida que o número de encomendas se alargava. A fusão dos saberes dos clássicos e das suas experiência construtivas, onde aplicava novas técnicas e proporções, resultou nos Quattro Libri dell'Architettura, tratado que lhe granjeou reconhecido mérito e acréscimo de fama. Até hoje.
Pelas suas dimensões e harmonia geométrica, a Villa Capri, ou la Rotonda, como passaram a chamar-lhe, tornou-se num ícone da obra de Palladio. Uma obra tão abundante quanto as sete décadas de vida do mestre lhe permitiam. Morreu numa casa simples, sem a imponência serena das residências que durante toda a vida havia projectado para os senhores da terra e que ainda se mantêm num tranquilo repouso por entre as verdejantes colinas do Veneto.
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