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Era uma vez uma princesa belga que casou com um arquiduque austríaco e foi viver para um castelo à beira-mar… Este poderia ser o início de um conto de fadas com final feliz, mas a história não foi bem assim.
Carlota da Bélgica e Maximiliano da Áustria casaram em Julho de 1857, ainda jovens, com a doçura dos ideais de quem imagina poder moldar o futuro a seu gosto e ter nele um papel principal. O arquiduque, demasiado liberal para o gosto de Francisco José, seu irmão e marido de Sissi, ambicionava transformar a sociedade daquele tempo e Carlota, filha de um rei, sonhava certamente em tornar-se rainha.
Por esse tempo, do outro lado do Atlântico, o México atravessa um período difícil da sua vida de nação. A guerra civil e as revoltas minavam-lhe a estabilidade e tornavam-no presa fácil para outros Estados com ambições imperialistas. Assim era na França de Napoleão, o terceiro de seu nome, que via no Novo Mundo uma via para expandir a sua influência. Para assumir o restaurado império mexicano seria necessário um príncipe europeu, um imperador que tivesse a proeza de reunir consenso e consolidar finalmente a paz no velho território azteca.
Na Europa, ofereceu-se a coroa imperial a Maximiliano. E se o príncipe estava relutante, logo a convicção de Carlota, vendo ali a sua coroa de imperatriz, o convenceu do quão extraordinário seria poder construir na América o império sonhado por ambos. Aceitaram. E, em 1864, na Catedral que agora quase afunda nos terrenos instáveis da velha Tenochtitlan, a princesa foi ungida imperatriz do México.
O sonho durou pouco. Não havia quem deitasse mão às desavenças da gente mexicana. Napoleão, com receio de ter ido demasiado longe, foi abandonado Max às mãos do pueblo e o clima de crispação subiu de tal forma que Carlota, numa derradeira tentativa de salvar o império, embarca rumo ao Velho Continente para buscar auxílio. Enquanto se ajoelhava diante do Papa e dos monarcas seus parentes implorando uma salvação, o seu esposo era julgado por revolucionário que o condenaram à morte. Fuzilamento.
A imperatriz, que entretanto deixara de o ser, nunca voltou a cruzar o oceano. Restou-lhe o desalento da viuvez precipitada e uma loucura que lhe quiseram diagnosticar, mesmo que os psicólogos e psiquiatras não fossem ainda os seres essenciais à existência humana em que hoje se tornaram. A história idílica da princesa transformou-se no conto triste da mulher confinada ao castelo de Miramare, que o par recém-casado construíra perto de Trieste, à beira da tranquilidade azul do Adriático.
Deixou de olhar o mar em 1927, sempre convicta de que o seu marido estava vivo e de que ela, Carlota, era ainda imperatriz do México.
Coitada da imperatriz, Hugo! Dos malucos não desdenhes tu, nunca se sabe quando te podes tornar num deles. xD
ResponderEliminarGostei do blog!
Abraço.